Tudo começou por causa de dois gatinhos encontrados no lixo.A história abaixo é narrada pela Presidente e fundadora da ONG, Silvia Vargas:

“Minha mãe achou dois gatinhos recém nascidos no lixo, no Dia das Mães. Até então eu não imaginava que alguém no mundo seria capaz de jogar um ser vivo em uma lata de lixo. Aquilo mudou a minha vida, a minha não, a nossa, a minha e a da minha mãe. 

Cuidamos deles, ela dava mamadeira pra eles de 3 em 3 horas, acordava de madrugada pra fazer isso. Aquilo me despertou uma vontade de ajudar esses seres indefesos. " Meu Deus! Pessoas largam seres vivos em latas de lixo!" Pensei sem acreditar que aquilo realmente acontecia.

Imediatamente comecei a procurar abrigos para doar ração. Nem sabia que existiam abrigos para animais. Nem imaginava que tantos animais viviam nas ruas. Eu não via isso andando por aí, ou via mas não reparava. 

No primeiro mês desde que tomei "consciência" doei 500 reais em ração. Era pouco. Dava para dois dias. Precisava de mais dinheiro. Fiquei arrasada. Poxa, eu não poderia doar mais que isso por mês, mas só dava pra dois dias? Era muito pouco.

Deitei pensando naquilo. Caramba. Sozinha não vou conseguir fazer nenhuma diferença. Sou uma gota no oceano. 

Conversando com uma amiga, a Lalá, ela me disse que vendia roupas que não usava mais na Internet. Ela havia criado uma espécie de blog pra vender essas coisas. Pensei, taí, vou vender alguma coisa, pois pedir doação é mais difícil, brasileiro é desconfiado, muita gente usa doação para benefício próprio, ninguém quer doar. Mas roupa? Meio difícil, pensei. Tem que provar, pode não caber, e também não tenho tanta coisa. Já doei tudo!

Ok. Preciso vender alguma coisa que "sirva" pra qualquer um, e que seja útil. Eureka! Nada mais útil que uma boa leitura. Eu leio antes de saber ler, explicando, meu pai lia pra mim antes de dormir todas as noites. Aprendi a ler e cultivei o hábito. Quando adolescente ficou chato. Não queria mais. Queria dinheiro! Meu pai começou a me dar mesada. Mas só se eu tivesse lido ao menos um livro por mês. Legal né? Ganhava dinheiro pra ler. Passou a "aborrescência" e eu voltei a ler por prazer. Obrigada, Pai. Você não desistiu de mim. Eu era sim uma leitora apaixonada, só esqueci por um tempo.

Ai meu Deus, preciso ajudar os animais. Está chovendo! Onde eles estão? Na chuva? Molhados? Com fome? Será que tem mais algum no lixo e ninguém viu? Não dormia mais, queria ajudar.

Bom, vamos vender essas revistas. Minha coleção de mais de 3 anos de revistas de História. Ok. Vai valer a pena, vai que alguém compra. Vou criar uma página no face. Tirei uma foto do meu gatinho do lixo lendo um livro (sim, .ele lia comigo). Qual vai ser o nome? Revista? Revistaria.. para ajudar os animais? REVISTARIA ANIMAL! Beleza, temos um nome.

Caracas! Vendi tudo em uma semana. Meu Deus! Tenho 500 reais. Jesus! 800 curtidas na página. O que é isso? O que foi que eu fiz?

Comecei a receber apoio. Muita gente começou a me ajudar. Amigos, vizinhos, pessoas que eu não conhecia e adoraram a idéia. Fizeram uma logo pro projeto, marcadores de página, cresceu, fizemos uma feira na rua, vendemos muito. Doei meus livros. Quase morri. Eram importantes pra mim. Minha biblioteca. Os milhares de livros que já li. Fechei os olhos. Vou doar tudo! Guardei um, só um. O resto, juro, doei.

Vendi tudo. Começamos arrecadando 500 reais por mês. Hoje arrecadamos 4 mil por mês. 

Vocês têm ideia de quantos animais podemos vacinar, castrar, medicar, com 4 mil por mês? Não é muito, mas é mais que meus 500. É mais que nada... É pouco perto do que ainda vamos fazer.

Somos poucos, mas fazemos muito. Queríamos ser muitos, fazendo só um pouco.

Você tem dúvida de que ainda vamos longe? Pois saibam que nós vamos muito longe. Somos poucas mãos, em busca de um mundo melhor. 

Humanos, animais, todos temos sentimentos. Vamos ajudar a quem precisa, de cor diferente, sexo diferente, de idade diferente, de raça ou espécie diferente. Somos todos habitantes do mesmo planeta. Estamos em busca da comunhão. Mundo sem sofrimento para todos.

Revistaria Animal. Cada livro vendido é um rabinho que abana feliz.

Obrigada a todos.

Silvia Vargas.”